Mudança no perfil dos passageiros desafia companhias, que enfrentam dificuldades nos meses de julho e agosto
A tradicional temporada de verão no Hemisfério Norte, conhecida por ser um período de alta movimentação e grande lucratividade para as companhias aéreas, já não apresenta o mesmo vigor de anos anteriores. Em agosto, com horários reduzidos por diferentes razões, a procura por voos tanto na América do Norte quanto na Europa vem mostrando alterações significativas no comportamento do público.
Segundo reportagem da CNBC, executivos do setor relatam que muitos passageiros estão optando por viajar em meses como maio e junho, ou até mesmo durante o outono, em vez de concentrarem suas viagens em julho e agosto, tradicionalmente considerados os meses mais quentes e disputados. Esse movimento é impulsionado, em especial, por viajantes com maior flexibilidade de agenda, como aposentados, que não precisam seguir o calendário escolar.
Apesar de ainda concentrarem a maior parte de sua receita no segundo e no terceiro trimestres, as companhias aéreas têm visto o terceiro trimestre perder parte da rentabilidade. A mudança na demanda por viagens, somada à imprevisibilidade no comportamento dos clientes, tornou esse período menos lucrativo do que no passado.
Mudança de planos e tarifas mais altas
De acordo com a CNBC, os responsáveis pelo planejamento das empresas aéreas foram obrigados a adotar estratégias mais rígidas em agosto, diante da queda na procura por viagens de lazer em comparação aos picos registrados no final da primavera e no início do verão.
Com isso, diversas companhias decidiram retirar voos da grade de operações, após enfrentarem excesso de capacidade que pressionou os preços para baixo neste verão. Os cortes, entretanto, tendem a encarecer as tarifas aéreas, que já apresentaram alta: em julho, o aumento foi de 0,7% em relação ao mesmo mês do ano anterior e de 4% de junho para julho, considerando o ajuste sazonal, conforme os dados mais recentes da inflação nos Estados Unidos.
A capacidade doméstica das companhias aéreas norte-americanas caiu 6% em agosto em relação a julho, segundo dados da Cirium. Para efeito de comparação, no mesmo período de 2024 a redução foi um pouco superior a 4%, enquanto entre julho e agosto de 2023 o recuo havia sido de apenas 0,6%. Já em 2019, antes da pandemia, a queda observada nesse intervalo foi de 1,7%.
Perspectivas frustradas e revisão de lucros
Muitas companhias aéreas, que apostavam em um 2025 de resultados expressivos, se decepcionaram logo no início do ano. O cenário foi impactado pela avaliação dos consumidores diante das tarifas intermitentes impostas pelo presidente Donald Trump e pelo clima de incerteza econômica. Para tentar atrair clientes, diversas empresas chegaram a reduzir preços, inclusive em períodos tradicionalmente mais fortes, como o final de junho e julho. Embora a demanda tenha dado sinais de melhora, como relataram executivos do setor em recentes teleconferências de resultados, gigantes como Delta, American Airlines, United e Southwest acabaram revendo suas projeções de lucro. No mês passado, todas elas reduziram as previsões para 2025, em comparação com as estimativas mais otimistas divulgadas no início do ano.
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